Nutrição x Cortisol
O cortisol é encontrado em fluidos corporais e segue um ritmo circadiano tanto no plasma, quanto na urina e saliva: é máximo pela manhã, declina ao longo do dia e aumenta nas primeiras horas após dormir. A dosagem do cortisol salivar, que avalia a fração livre do hormônio, tem se tornado cada vez mais utilizado, devido à sua fácil coleta e baixo custo, se comparada a outros métodos.
Esta técnica tem se mostrado útil para avaliar o eixo Hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) em alterações da função cognitiva em diversas situações.
Um importante marcador da resposta ao estresse é o cortisol, hormônio glicocorticoide secretado e liberado pela suprarrenal, como consequência da ativação do eixo HPA, que tem a função de preparar o organismo para desafios fisiológicos ou ambientais.
Sobre a atividade alterada do eixo HPA na presença de obesidade, a literatura mostra que este se encontra hiper-responsivo, podendo contribuir para o aumento da liberação de cortisol em obesos. Esse hormônio é secretado na forma inativa, como cortisona e é ativado pela enzima 11β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (11β-HSD1), atuando em resposta ao estresse oxidativo, com efeito anti-inflamatório e imunossupressor. Entretanto, os distúrbios na produção do cortisol no fígado e no tecido adiposo favorecem aumento da expressão da 11β-HSD1 que tem sido implicado na patogênese da obesidade central, síndrome metabólica e desregulação do metabolismo da glicose e dos lipídios.
O eixo HPA responde à inflamação crônica e aguda. Na inflamação aguda, o HPA é ativado pela liberação de citocinas específicas como a IL-6, tendo como consequência a elevação do cortisol plasmático. Por outro lado, na inflamação crônica, ocorre ativação crônica do eixo HPA, levando a concentrações elevadas de cortisol plasmático, como um mecanismo de proteção adaptativo.
Os glicocorticoides promovem a diferenciação e proliferação de adipócitos, por meio dos receptores de glicocorticoides, que são mais expressos no tecido adiposo visceral do que no subcutâneo. Ainda que o cortisol tenha ação lipolítica, a hipercotisolemia crônica pode resultar em aumento de massa gorda, particularmente nos depósitos viscerais. Esse hormônio tem papel significativo na regulação da homeostase dos triglicerídeos e pode modular tanto a lipogênese quanto a lipólise.
Um estudo constatou que há conversão de cortisona em cortisol através da via enzima 11β-HSD1 em depósitos de gordura abdominal em participantes com sobrepeso/obesidade com diabetes mellitus tipo 2. Esta observação tem implicações significativas para o desenvolvimento de inibidores específicos de tecidos 11β-HSD-1.
Nessa perspectiva, diversos estudos têm mostrado a participação do cortisol sobre o metabolismo de vários nutrientes, a exemplo do zinco. Esse hormônio pode influenciar, de forma indireta, as concentrações intracelulares e plasmáticas desse mineral por induzir a expressão da metalotioneína, proteína que participa da homeostase do zinco, atuando de forma relevante na sua distribuição no organismo.
Alguns alimentos funcionam como moduladores nutricional do cortisol, como é o caso dos ácidos graxos ômega-3 que possuem efeitos inibitórios na ativação do eixo HPA via atuação direta no sistema nervoso central (SNC).
A L-teanina é capaz de modular diversos aspectos da função cerebral, por meio de um aumento na frequência das ondas alfas (8 – 14Hz), o que causa relaxamento sem causar sonolência. O chá preto reduz os níveis de cortisol pós-estresse e ocasionou uma sensação subjetiva de relaxamento. Porém, deve-se ter atenção, pois a mesma possui efeitos redutores na pressão arterial, pelo motivo de potencializar efeitos de diversos medicamentos anti-hipertensivos.
Baixos níveis de triptofano foram encontrados em mulheres com níveis elevados de cortisol. Dietas ricas em carboidratos e pobres em proteínas aumentam a quantidade de serotonina, pois os carboidratos aumentam a captação pelo cérebro, de um modo indireto, por meio da redução das concentrações de aminoácidos grandes e neutros que competem com o triptofano pela entrada na barreira hemato-encefálica.
Como visto, o cortisol é um hormônio que exerce função essencial na manutenção do bom funcionamento do organismo, porém, quando cronicamente elevado, possui diversos efeitos no organismo. Via alimentação é possível modular os níveis e os efeitos do cortisol, por meio do fracionamento adequado, refeições equilibradas em diversos compostos anti-inflamatórios e antioxidantes, favorecendo o equilíbrio fisiológico e bioquímico do organismo.
NUTRICIONISTA
CRN 10.5317
NUTRICIONISTA
CRN 10.4719
Instituto Ana Paula Pujol – Marca pertencente a Onisoft Soluções e Sistemas – Rua Porto Alegre, 768 – Camboriú, SC – CEP: 88340-221 – CNPJ: 23.503.012/0001-34